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Em 1964, há 60 anos, uma conspiração civil-militar derrubava o presidente da República legítimo do Brasil, João Goulart – o popular Jango. País de tradição autoritária insistente e disseminada não apenas na nossa cultura política mas nas nossas práticas cotidianas, o Brasil esperava contudo apenas uma quartelada para “pôr ordem na casa.” No entanto, logo se tornou claro que a ditatura militar viera para ficar por um bom tempo, até que os militares “voltassem a confiar” nos civis – ou seja, que projetos políticos e de desenvolvimento nacional não iriam contrariar as diretrizes básicas por eles imposta.

O golpe não surgiu do nada. Foram anos de um “interregno democrático” instável e dramático que as imagens coloridas da “Era JK” – ela própria iniciada sob o signo de mais de uma tentativa de golpe – acabam por disfarçar aos nossos olhos contemporâneos. João Goulart, herdeiro de uma tradição trabalhista e defensor de uma concepção nacionalista e distributiva do desenvolvimento, carregava uma história conturbada e ousada como deputado, ministro de Estado e liderança chave de um dos 3 maiores partidos do país, o PTB de Vargas (Partido Trabalhista Brasileiro). A corrente a que subscrevia era vista com crescente animosidade pela direita brasileira, os empresários – em especial os associados ou interessados no capital internacional -, os militares – cuja cúpula se alinhava incondicionalmente com os Estados Unidos e viam com pavor a popularidade de um presidente que tachavam de comunista -, as classes médias mais abastadas das maiores cidades, os latifundiários.

O filme “Jango: dez anos de esperança e incerteza” faz uso do acervo do Arquivo Nacional – fotografias, discursos em arquivos sonoros, filmes, música, programas de rádio, - produzido tanto por entidades públicas quanto privadas para contar a história pública de Jango. Foi realizado para uma exposição presencial – Nossa breve história – em 2014. Além da trajetória de Jango, também mostra o ambiente conspiratório que o derrubou da Presidência.

“Jango: dez anos de incertezas e esperança.” Fundos: Agência Nacional, Tupi, Correio da Manhã, SESI, Santiago Dantas.

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