A propaganda é o tema de hoje em nossa viagem entre passado e presente. No Arquivo Nacional você encontra anúncios publicitários em diversos fundos e coleções, permeando todo o acervo. Presentes em jornais, revistas, filmes e iconografia de forma geral, essas peças publicitárias são fruto de seu tempo, seguindo as características da época em que foram criadas. Por meio delas, é possível compreender um pouco sobre como era a vida de nossos país, avós e bisavós.
No fundo José Amádio - jornalista e escritor gaúcho, que passou por diversas revistas e periódicos em sua carreira –, doado em 2013 para o Arquivo Nacional, encontramos um recorte com um anúncio de cigarros. Desde 1990, com o Código de Defesa do Consumidor, foi sendo ampliado o debate sobre a propaganda desses produtos. A partir de 1996, com a Lei 9.294, as propagandas tabagistas na TV ficaram restritas ao horário entre 21 horas e 6 horas da manhã. Finalmente, a partir do ano 2000, as peças publicitárias sobre cigarro passaram a ser terminantemente proibidas na televisão, rádio, jornais, cinema, outdoors, uniformes e materiais esportivos.
A imagem que trazemos, do ano de 1967 é um exemplo das antigas propagandas desse produto que, em geral, romantizavam o fumo, vinculando o hábito à natureza, aos jovens e relacionando o uso dos cigarros às pessoas que estavam "na moda", de modo a convencer o público a consumi-los.
A diversidade do acervo do Arquivo Nacional traz reflexões e levanta debates sobre as diferenças entre passado e presente: informações sobre a documentação do fundo José Amádio, que se encontra em fase de organização podem ser encontradas no Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN).
Na biblioteca da instituição encontramos diversos periódicos, como o exemplar da revista Dom Casmurro, de 1944 (J456), que contém um comercial do conhecido Guaraná Antárctica. Muito diferente dos comerciais atuais destinados ao público jovem e às crianças, inclusive no aspecto gráfico – mais simples e com menos recursos técnicos -, a ilustração destina-se aos pais, oferecendo o que seria um tipo de "Champagne" para as crianças: uma bebida borbulhante, doce e festiva.
O gás e a cor davam ao produto semelhanças com o champagne tomado pelos maiores de idade. Além disso, como é possível observar na imagem, o formato da garrafa e até o rótulo também traziam similaridades com a bebida dos adultos.
A palavra "champagne" continuou no nome oficial do Guaraná Antarctica por um longo tempo, também registrado na própria garrafa, embora com o tempo aparecesse escrito de forma cada vez mais discreta. Lançado em 1921, apenas em 2002, com a reformulação do nome da marca, o produto passou a chamar-se somente "Guaraná Antarctica", deixando o "champagne" no passado.