Matéria orgânica (animais e plantas decompostos) acumulada em espaços específicos, submetida a alta pressão e à ação de bactérias capazes de decompor esta matéria em ambiente de baixos níveis de oxigênio, ao longo de milhões de anos resulta em uma série de compostos a base de cadeias de carbono e hidrogênio. Entre estes compostos encontra-se aquele que atualmente chamamos petróleo. A origem da palavra é grega e significa _ grosso modo _ óleo de pedra. É encontrado geralmente em bacias sedimentares específicas, em áreas que estão ou já estiveram submersas em grandes porções de água. Fonte de energia não-renovável (ou seja, quando as reservas naturais se esgotarem, não há como o ser humano produzir mais), atualmente responde por cerca de 40% do consumo mundial de energia primária, segundo a Agência Internacional de Energia.
O petróleo bruto vem sendo utilizado por humanos há milênios. Em regiões em que exsuda no solo (no Oriente Médio, por exemplo), essa substância oleosa e inflamável foi utilizada para calefação de residências, pavimentação de ruas, iluminação. Mas em meados do século XIX a substância passou a ser extraída sistematicamente das camadas mais profundas do subsolo onde normalmente jaz, com o desenvolvimento de novas técnicas e o crescimento vertiginoso da demanda por energia no período, consequência da expansão industrial. Nos Estados Unidos, um dos maiores produtores do mundo, o ano de 1859 é considerado o início da moderna indústria petroleira. Naquele ano, foram produzidos dois mil barris de óleo cru; 15 anos depois, foram dez milhões.
Os países do Oriente Médio, Venezuela, Canadá, Estados Unidos, Rússia, China, México e Brasil estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo, sendo que se calcula a existência de reservas não-exploradas em alguns países da África subsaariana.
Os derivados do petróleo (especialmente a gasolina e o diesel) ainda reinam quase absolutos no setor de transportes, apesar do desenvolvimento de fontes alternativas de energia (carros elétricos, combustível a base de álcool são exemplos) nas últimas décadas. Em muitos países, o petróleo não apenas alimenta a circulação de coisas e pessoas (carros, trens, aviões), como a produção industrial em si, constituindo a maior parte da sua matriz energética. Estados Unidos, Japão, México, Arábia Saudita são alguns destes países. No Brasil, a geração de energia partir de derivados de petróleo é menos significativa por causa da utilização intensa de energia hídrica. Em alguns países, como a Grã-Bretanha e Alemanha, o empenho e investimento em fontes renováveis de energia vêm apresentando resultados sob a forma de um aumento expressivo no uso de energia renovável, em especial a energia eólica.
A utilização maciça de petróleo e seus derivados vem sendo responsável pelo aumento exacerbado da poluição atmosférica e outros problemas relacionados ao equilíbrio ambiental do planeta. Uma vez que seu uso está diretamente ligado ao aumento de CO2 (dióxido de carbono) no ambiente, em especial na atmosfera, o uso desta fonte de energia encontra-se na origem do efeito estufa (que aumenta a temperatura global) e da acidificação dos oceanos (comprometendo toda a vida marinha), sem falar nos desastres com plataformas, navios e outros equipamentos relacionados a extração e transporte de petróleo que liberam milhões de litros da substância, com um efeito absolutamente devastador. A própria atividade de extração apresenta um elevado custo ambiental, em especial quando levamos em conta que a Agência Internacional de Energia prevê a existência de grandes reservas sob o Ártico e a floresta Amazônica, áreas que apresentam um delicado equilíbrio ambiental.
Disputas por mercados e por reservas do combustível mostraram-se peças fundamentais no tabuleiro geopolítico do século XX. Gigantescas corporações cresceram com base na exploração e comercialização do produto, e guerras foram travadas em função do interesse em áreas ricas em petróleo. Até a Segunda Guerra Mundial, as grandes potências europeias dominavam toda a cadeia produtiva, ao menos em relação aos países do Oriente Médio. Com o processo de descolonização intensificado a partir do fim do conflito, os países da região passaram a questionar o poderio e a autonomia das grandes empresas petrolíferas e a ingerência dos seus países de origem no processo, reivindicando para si o direito de decidir a forma com que seus recursos naturais seriam explorados, passando a beneficiar-se com esta exploração.
A OPEP – Organização dos países exportadores de petróleo – foi fundada em 1960 por Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e a Venezuela. Seu objetivo era permitir que os países produtores de petróleo exercessem soberania sobre suas reservas de petróleo e lucrassem com estas, opondo-se abertamente ao poderio das grandes corporações multinacionais. O poder de fogo da OPEP no entanto só ficou claro na década seguinte, quando instabilidades na extração de petróleo causaram uma flutuação no mercado que acabou por demonstrar aos países produtores a importância de gerir diretamente a exploração do produto, garantindo um poder de negociação quase imbatível na questão do preço. Não é à toa, aliás, que nas últimas décadas várias guerras foram travadas contra países da OPEP, ou envolvendo os mesmos. Durante a década de 1970, a OPEP negociou politicamente o preço do barril de petróleo, gerando um aumento de até 400% no seu preço. A chamada crise do petróleo acabou contribuindo para a retração econômica ocorrida naquela década a partir de 1973.
O Brasil possui grandes reservas de petróleo, sendo um grande produtor, e a empresa primariamente responsável pela exploração do combustível é a estatal Petrobrás. Desde a sua criação em 1953 a empresa vem sendo alvo de intensas disputas políticas, acusações de corrupção, questionamento da sua utilidade pública ou viabilidade enquanto empresa pública. Atualmente é uma empresa de capital aberto de posse majoritária do Estado brasileiro, e uma das maiores empresas do país. Desenvolve tecnologia de ponta em especial em relação a exploração de petróleo em águas profundas, já que o Brasil possui enormes reservas sob o leito do oceano Atlântico.
Na década de 1960 a produção de petróleo no Brasil alcançou cerca de 150 mil barris por dia, quase toda extraída em terra. A produção deu um grande salto a partir do final da década e início da década seguinte, com o aprimoramento da tecnologia de exploração nas bacias marítimas e, posteriormente, em águas profundas. Este salto foi impulsionado pelo crescimento econômico brasileiro no período, ao mesmo tempo em que o aumento na produção de petróleo impulsionou a indústria nacional. Este período de crescimento foi interrompido justamente pelo início da Crise do Petróleo em 1973.
O filme aqui exibido é uma produção da Agência Nacional voltada para as crianças, um desenho animado que conta a história desse combustível, sua origem, seus usos e importância na vida cotidiana.
Atualmente o Brasil produz cerca de 2 milhões de barris por dia de petróleo.
Cinejornal Informativo nº 10 (1965). Arquivo Nacional. Fundo Agência Nacional. BR_RJANRIO_EH_0_FIL_CJI_244
Dias, J. L. D. M., & Quaglino, M. A. (1993). A questão do petróleo no Brasil: uma história da Petrobrás. Mariano, J. B. (2001). Impactos ambientais do refino de petróleo. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Morais, J. M. D. (2013). Petróleo em águas profundas: uma história tecnológica da Petrobras na exploração e produção offshore.