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O acervo da Agência Nacional e o Programa Memória do Mundo da UNESCO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estabeleceu, em 1992, o Programa Memória do Mundo a partir da constatação do estado precário de preservação e acesso a que o patrimônio documental da humanidade estava relegado em várias partes do mundo. Guerras, instabilidades sociais e falta de recursos alinham-se a roubos, comércio ilegal, destruição e construções inadequadas para a guarda de documentos, configurando um cenário de extremo risco para salvaguarda de acervos documentais, muito dos quais encontram-se já definitivamente perdidos.

O Programa Memória do Mundo se orienta pelo entendimento de que o patrimônio documental mundial pertence a todos, devendo, portanto, ser protegido e estar permanentemente acessível. Seus objetivos são facilitar a preservação do patrimônio documental mundial, apoiar a universalização do acesso a esse patrimônio e aumentar a consciência sobre sua existência e significado.

O Programa encoraja ações não apenas no âmbito global, mas também nos níveis regional, nacional e local, a partir do estabelecimento de comitês nacionais nos diversos países. No Brasil, o Comitê foi criado em 2004 e, até sua extinção em 2019, inscreveu mais de cem acervos documentais no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO, sendo considerado um dos comitês nacionais mais atuantes.

Dos acervos custodiados pelo Arquivo Nacional referentes ao período republicano brasileiro, o da Agência Nacional foi um dos contemplados com a nominação de Memória do Mundo – Brasil, ocorrida em 2010. A nominação, intitulada Agência Nacional: a informação a serviço do Estado, foi proposta pelo Arquivo Nacional, que custodia diferentes gêneros documentais produzidos ou integrados ao acervo da Agência Nacional, e pela Fundação Cinemateca Brasileira, instituição que detém a guarda da produção cinematográfica produzida e da incorporada à Agência Nacional entre 1939 e 1956.

No Arquivo Nacional, o fundo Agência Nacional é composto por documentos textuais, itens sonoros (fitas audiomagnéticas, discos óticos e discos), itens iconográficos (negativos fotográficos e fotografias) e itens filmográficos (fitas videomagnéticas e filmes cinematográficos), perfazendo milhares de itens, que são utilizados em inúmeras ações de difusão, como exposições e publicações, sendo a mais recente o livro eletrônico O Rio e a República – a cidade nas imagens da Agência Nacional, lançado em 2021.

O filme Ditaduras e democracia nas imagens oficiais integrou a exposição Arquivos do Brasil: memória do mundo, realizada pelo Arquivo Nacional, e foi desenvolvido a partir de fotografias, registros sonoros e filmes, em preto e branco e em cores, produzidos pela Agência Nacional entre os anos de 1939 e 1977. É  composto por cenas de comemorações do Dia do Trabalho, da reunião para declaração de guerra ao Eixo, precipitando a participação do país na Segunda Guerra Mundial, da Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil,  da posse do presidente Juscelino Kubitschek e do vice-presidente João Goulart, do comício pelas reformas de base na Central do Brasil, entre outras, buscando fornecer um panorama da diversidade de documentos audiovisuais e sonoros que compõem o fundo Agência Nacional e das inúmeras possiblidades de pesquisa sobre os períodos ditatoriais e democráticos da experiência republicana brasileira.

 

 

 

 

 

 

 

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