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Durante metade do século XX a televisão representou a fonte de informação e entretenimento por excelência de um enorme contingente de pessoas. No Brasil, o veículo chegou pelas mãos do jornalista Assis Chateaubriand, dono da Diários Associados, que em setembro de 1950 fundou a TV Tupi paulista. Em janeiro do ano seguinte, a empresa fundou o braço carioca da emissora. Toda a aparelhagem das emissoras foi importada dos Estados Unidos, encomendado à Vitor RCA e patrocinada por empresas como a Sulamérica Seguros, Antártica e outras. Na época, o Brasil não produzia e sequer importava aparelhos de TV, dando origem à bizarra situação de ter sua primeira transmissão realizada para apenas 200 aparelhos, contrabandeados às pressas pelo próprio Chateaubriand para a inauguração.  

De início, programas de música, teleteatro e noticiários eram os carros-chefes das emissoras; a Tupi contava com o Repórter Esso, grande sucesso do rádio, conhecido como “testemunha ocular da história.” O amadorismo e a inexperiência dos primeiros anos, em que os programas eram realizados ao vivo, resultavam em falhas que iam de gafes das garotas-propaganda à esquecimentos de atores à falta de luz no estúdio. Mas já no início dos anos 1960 o videotape permitiu a filmagem dos programas antes de irem ao ar, e a qualidade dos programas, assim como sua diversidade, aumentou. Em 1963 a Tupi realizou a primeira novela com esta tecnologia: O direito de nascer. Pioneira novamente em 1968, a emissora lança Beto Rockfeller, uma novela inovadora por contar com diálogos coloquiais, personagens modernas, uma trama contemporânea e um anti-heroi urbano. Mas a emissora não conseguiu avançar neste terreno, que acabou dominado pela carioca TV Globo.

Em 1975 a novela Roque Santeiro, que iria estrear em horário nobre na Globo, é proibida pela censura da ditadura militar pouco antes de ir ao ar. A emissora é obrigada a reprisar a novela Selva de Pedra, e assim a Tv Tupi aproveita a brecha para turbinar seu próprio lançamento, em outubro daquele ano, a novela de temática espírita A Viagem, escrita por Ivani Ribeiro. Apesar do boicote da Igreja Católica à novela, o sucesso foi enorme, e um remake foi realizado em 1994 pela rede Globo, também com grande repercussão.

A história gira em torno da família dos irmãos Dinah, Stela, Raul e Alexandre, e a sua mãe Isaura Toledo. Alexandre, jovem “desajustado,” comete suicídio na prisão, jurando vingança contra todos que o haviam supostamente prejudicado. A partir do “umbral” (local em que espíritos perdidos permanecem após deixarem seus corpos físicos, segundo o espiritismo kardecista) o espírito de Alexandre atormenta aqueles que ele odiava em vida.

O trecho aqui exibido encontra-se no fundo TV Tupi do Arquivo Nacional.

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Leitura recomendada

https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/tv-tupi

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-rede-tupi-tv.phtml

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