O Grande Maracanã
As obras para a construção do Estádio Municipal no Rio de Janeiro, conhecido por Maracanã e cujo nome oficial atualmente é Mário Filho, começaram em agosto de 1948, em um terreno anteriormente ocupado pelo Derby Club, que sediava corridas de cavalo. Construído para a Copa do Brasil de 1950, foi projetado pelos arquitetos Waldir Ramos, Raphael Galvão, Oscar Valderano, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro Feldman.
Tendo a frente o então prefeito do Rio de Janeiro (capital federal na época) marechal Ângelo Mendes de Moraes, a construção do estádio não deixou de provocar reações negativas, como a do deputado federal Carlos Lacerda, que criticava a obra impiedosamente por causa dos gastos e também da localização quase central. Para ele, se o estádio fosse mesmo construído, que o fosse construído “em Jacarépaguá” (na época, uma região remota, na zona oeste do Rio de Janeiro).
O primeiro gol marcado no estádio foi de autoria de Didi, pelo selecionado carioca, que enfrentou o paulista na inauguração de 16 de junho de 1950. A partida foi vencida pela seleção de São Paulo. Na época da sua inauguração, o Maracanã era o maior estádio do mundo, com capacidade para público de quase 200 mil pessoas. Atualmente, comporta cerca de 80 mil.
Uma das versões para a introdução do futebol no Brasil afirma que este chegou aqui trazido por imigrantes britânicos envolvidos com obras e investimentos no país, ainda no final do século XIX. Inicialmente um esporte elitista, a ponto de pessoas com ascendência africana serem proibidas de jogar por clubes, até o início dos anos 1920 a prática ganharia os terrenos baldios das cidades brasileiras e acabaria por se tornar a preferência nacional. Mesmo sindicatos e agremiações anarquistas organizavam partidas para atrair trabalhadores para suas causas.
Na Copa de 1950, o Maracanã sediou 8 jogos, inclusive a final entre Brasil e Uruguai, vencida pelo Uruguai por 2 a 1. A seleção nacional só venceria uma Copa do Mundo em 1958. A partir dos anos 1980, o estádio passou a abrigar outros eventos que não os esportivos, em especial shows musicais e encontros religiosos.
O estádio foi batizado em homenagem ao jornalista que ajudou a popularizar o futebol no Brasil. Mário Rodrigues Filho comprou o Jornal dos Sports de Argemiro Bulcão em 1936, pouco depois de o jornal começar a ser impresso na peculiar cor de rosa. Este veículo foi sua ponta de lança na defesa da construção do Maracanã, e ele o dirigiria até sua morte, em 1966. Após sucessivas diretorias, o jornal viria a fechar definitivamente em 2010. O exemplar cuja reprodução ilustra esta matéria integra o fundo Bernardo Fernandes de Brito, acervo do Arquivo Nacional, fundo este que guarda inúmeros exemplares dos jornais O Globo, Dos Sports, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal do Brasil e Jornal do Comércio, entre as décadas de 1930 e 1960.
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PEREIRA, Leonardo Affonso de. Footballmania: uma história social no futebol do Rio de Janeiro: 1902-1938. Editora Nova Fronteira, 2000
FILHO, Mário. O Negro no Futebol Brasileiro. MAUAD Editora, 2003
. 17 de junho de 1950. Jornal dos Sports