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Getúlio Vargas e a (quase) guerra civil contra o Rio Grande do Sul (1937)

Você sabia que nos anos de 1936 e 1937 o Brasil esteve à beira de uma guerra civil? Assim como em 1932 São Paulo fez a Revolução Constitucionalista contra Getúlio Vargas, na passagem de 1936 para 1937 as tensões ferveram entre o governador José Antônio Flores da Cunha, do Rio Grande do Sul, e o presidente do Brasil.

Desde 1935 o governador do estado natal do presidente já denunciava as pretensões de Vargas em continuar no poder e instalar uma ditadura. Em novembro do mesmo ano, Flores da Cunha chegou a orientar que a bancada de parlamentares gaúchos se tornasse oposição ao governo federal, mas acabou contramarchando de suas intenções após as revoltas da Aliança Nacional Libertadora em Recife, Natal e Rio de Janeiro, vulgarmente conhecidas como Intentona Comunista. Flores recuou e apoiou o governo na repressão aos comunistas.

Porém, em 1936, Flores da Cunha novamente voltou-se contra o governo federal e voltou a intensificar as críticas a Vargas. O general Góis Monteiro, braço direito de Vargas, incentivou o presidente a atacar, invadir o Rio Grande do Sul para prender Flores da Cunha e eliminar esse possível foco de resistência. Mas Getúlio temia, pois o governador gaúcho tinha sob seu comando cerca de 20 mil corpos provisórios e mais 6 mil policiais para usar em combate, além de grande quantidade de armamento guardado desde a Revolução de 1930. Vargas chegou a mandar 30 mil homens para a fronteira do Rio Grande do Sul, mas apesar dos longos meses de tensão a guerra civil acabou não acontecendo.

O general Lúcio Esteves, indicado por Vargas para a chefia da 3ª região militar, no sul do país, não concordou com a invasão. Acabou substituído pelo também general Daltro Filho. Porém, no dia 17 de outubro de 1937, poucas semanas antes do golpe que deu início ao Estado Novo, o governador Flores da Cunha optou pelo exílio. Deixou o Brasil rumo ao Uruguai. Fim dessa espécie de "guerra fria" entre ele e Vargas, sem que o conflito armado tivesse se concretizado. No documento, vemos croquis encontrados na documentação do fundo Góis Monteiro, no Arquivo Nacional, indicando planos para a invasão ao Rio Grande do Sul.

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