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O Centro Religioso da Tia Ciata abre suas portas em 1917 na região central do Rio de Janeiro, em uma área povoada por imigrantes (ciganos, italianos, judeus) e descendentes de escravos, tornando-se ponto de encontro de músicos de toda a cidade. Localizava-se nas proximidades da pequena Praça Onze, com seu imponente chafariz, desenhado por Granjean de Montigny em 1846, que se tornou um dos pontos geográficos emblemáticos da história do samba. A região foi muito alterada pelas reformas urbanas do Estado Novo, perdendo quatro ruas e ainda a maior parte da tradicional praça, cuja destruição foi cantada por Grande Otelo e Herivelto Martins no samba Praça Onze, de 1942.

Grande Otelo, consagrado ator e bem sucedido compositor eventual, nasceu em Uberlândia (MG) em 1915 com o nome Sebastião Bernardes de Souza Prata. Nos anos 1920, já morando em São Paulo (SP), iniciou sua carreira artística e acabou integrando a Companhia Negra de Revista, composta exclusivamente por artistas negros, entre eles, Pixinguinha, que era o maestro, o músico Donga e a atriz e cantora Rosa Negra, que excursionava por São Paulo.

Veio morar no Rio de Janeiro, onde atuou no Teatro de Revista, e inciciou uma carreira musical. Em 1939, estreou em disco, na Columbia, gravando a marcha "Maria Bonita", de Odaurico Mota, com acompanhamento de Fon-Fon e sua orquestra. No ano seguinte conseguiu  que uma de suas músicas fosse gravada:, o samba "Vou pra orgia", com Constantino Silva, pela Odeon.  Em 1942, o samba "Praça Onze", parceria dele com Herivelto Martins, foi gravado pelo Trio de Ouro e Castro Barbosa na Continental.

Herivelto Martins nasceu no interior do estado do Rio de janeiro, no atual município de Paulo de Frontin em 1912. A familiaridade com a música, o teatro, o carnaval começaram ainda na infância, acompanhando o pai em apresentações domésticas ou na Sociedade Carnavalesca de Barra do Piraí. Depois de uma breve passagem por São Paulo, Herivelto decide partir para o Rio de Janeiro aos 18 anos, para tentar a sorte na carreira artística. Tornou-se um dos grande nomes da música brasileira, com sucessos que marcaram época, eternizados nas vozes do Trio de Ouro e de inúmeros intérpretes da MPB como Francisco Alves, Aracy de Almeida, Sílvio Caldas, Aurora Miranda, Carmen Miranda, Nelson Gonçalves: Ave Maria no morro, Lá em Mangueira, Isaura, As três da manhã, A camisola do dia, Chora Pierrot, Lapa... O samba Praça Onze foi seu primeiro sucesso popular.  

Imagem: rótulo de disco do fundo Humberto Moraes Franceschi. BR RJANRIO W3.0.DSO, COM.168

Sugestão de leitura:

DINIZ, André. Almanaque do samba: a história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir. Zahar, 2006.

NETO, Lira. Uma história do samba: as origens. Editora Companhia das Letras, 2017.  

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