Dia 21 de junho de 2020, domingo, faz 50 anos que a seleção brasileira conquistou o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970, realizada no México. Aquele time é considerado por muitos o melhor da história, conseguindo unir o chamado “futebol arte” com a obtenção de resultados satisfatórios. E são muitas as histórias marcantes que envolveram o “tri”.
No início de 1969 o técnico João Saldanha assumiu a equipe e prometeu convocar só as “feras”, daí o apelido recebido pelo time: “as feras do Saldanha”. Nas eliminatórias da Copa, 6 vitórias em 6 jogos, 23 gols marcados e apenas 2 sofridos. Um show. Porém, a personalidade forte de Saldanha lhe valeu conflitos com outros membros da comissão técnica e também com outros treinadores brasileiros.
No início da fase final de preparação para a Copa, já no início do ano de 1970, o Brasil perdeu um amistoso para a Argentina e empatou um jogo-treino contra o Bangu. Após receber críticas, uma delas do técnico Dorial Knipel – conhecido como Yustrich – Saldanha foi até a concentração do Flamengo com um revólver, disposto a tirar satisfação com o seu crítico, que à época treinava o clube da gávea. Por essa e por outras que Saldanha recebeu a alcunha de “João Sem Medo”.
Por fim, o posicionamento político de João Saldanha, membro do Partido Comunista desde 1942, lhe trouxe problemas adicionais e mais graves, ainda mais naquele momento, quando o Brasil vivia o auge da ditadura militar. O presidente Médici teria defendido a convocação de Dario, conhecido como “Dadá Maravilha”, do Atlético Mineiro. Perguntado sobre o assunto, Saldanha respondeu que cabia a ele escalar os onze jogadores, e que o presidente deveria se recolher à escolha dos ministros. Esse teria sido o fato que levou à sua demissão, em 17 de março de 1970, sendo substituído por Zagallo menos de três meses do início da Copa.
Embora, de fato, a base do time tenha sido montada por Saldanha, Zagallo fez modificações importantes: recuou Piazza para a zaga ao lado de Brito, colocando no time também Everaldo e Rivellino, barrando Djalma Dias, Joel, Rildo e Edu. E assim partiu para a Copa do Mundo.
O Brasil teve uma das mais longas preparações da história, treinando por quase três meses, sendo um mês no México, onde desembarcou no dia 2 de maio. A delegação brasileira intercalava trabalhos pesados com dias de folga e descanso. Num destes, os jogadores passearam pela cidade de Leon (MEX), em 20 de maio, 13 dias antes da estréia contra a Tchecolosváquia. Pelé e Rivellino passearam de bicicleta e foram acompanhados por vários fotógrafos, que registraram o momento, entre os quais a equipe do jornal Correio da Manhã – documentação que está sob a guarda no Arquivo Nacional e que mostramos um pequeno fragmento acima. Trinta e dois dias depois dessa foto, o Brasil vencia por 4 a 1 a Itália e voltava para casa com a Taça Jules Rimet conquistada em definitivo.
Notação da Imagem BR_RJANRIO_PH_0_FOT_03459_049 Fundo Correio da Manhã.