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Se atualmente, em consequência dos embates políticos realizados ao longo de décadas, os nativos das terras que atualmente constituem o Brasil se autonenominam “índios,” em contraposição a “não-índios,” isso não signifique que estes povos tenham sempre se identificado desta forma. Ao contrário, os diversos grupos étnicos que integravam a população autóctone apresentavam sociedades e culturas diversas entre si e tinham consciência das suas origens e crenças diferenciadas. O termo índio, portanto, não passa de uma invenção do invasor europeu.

As populações ameríndias passaram, desde a invasão europeia, por tentativas de “aculturação,” dominação, exploração e genocídio, em geral muito bem sucedidas a ponto de muitos idiomas nativos terem desaparecido, e muitas etnias, fisicamente extintas.

Esses povos sempre despertaram a curiosidade do invasor e, posteriormente, do brasileiro integrado a sociedade dominante. Alvos de estudos de pesquisadores estrangeiros e brasileiros, tinham sua cultura, sua religião, seus idiomas e seus corpos minuciosamente examinados, muitas vezes sob as lentes preconceituosas dos estudiosos.

O que você percebe da foto desta matéria? Qual a relação com o assunto que abordamos? Em breve, publicaremos a resposta.

 

 

O Pequeno Ensaio sobre a tribo Pauxiana e sua língua, comparada com a língua Macuxi, de Dom Alcuino Meyer (da Ordem de São Bento) foi lançado em 1956, em edição do Arquivo Nacional, que também guarda seus originais. Esta dissertação, escrita na década anterior, tem por objeto de estudo uma etnia nativa do Brasil, já naquela época em vias de extinção, na região onde hoje se encontra o estado de Roraima. É um dos raros registros desta tribo, e possivelmente o único que inclui fotografias.

Os registros fotográficos presentes no estudo etnolinguístico do religioso abarcam o período que vai da última década do século XIX aos anos 1940, e incluem outras etnias além do pauxiana, como os macuxi, que servem de parâmetro para a pesquisa. Estes últimos, ao contrário dos primeiros, ainda se encontram presentes em território brasileiro, em especial nas áreas de fronteira com a Venezuela e a Guiana. Suas aldeias se concentram na T.I Raposa do Sol, uma região que abriga mais de 20 mil índios de diferentes etnias e há décadas vem sendo palco de conflitos resultantes da inoperância do estado brasileiro em estabelecer e implementar com eficácia uma política de demarcação de terras indígenas justa e que se coadune com a Constituição de 1988.

Os originais da publicação encontram-se no fundo Diversos SDH caixas, uma reunião de documentos de diferentes fundos  que  não  tiveram  identificadas/ confirmadas  suas  proveniências  e  que  integravam  o  acervo  da  extinta  Seção  de  Documentação  Histórica do Arquivo Nacional.

 

Alunos do Patronato de São Bento de Calungá em Boa Vista, no Território Federal do Rio Branco em 1940.

No verso: Os números pretos referem-se aos alunos mencionados nos quadros dos índices das faculdades mentais do ano de 1942. Os números encarnados dizem respeito aos alunos mencionados nos quadros dos índices das faculdades mentais do ano de 1944. O número 6 Germano indica também a terceira geração do quadro. Representação fotográfica de 3 gerações de índios macuxi do Alto Rio Branco.

 Documento: BR RJANRIO 2H.0.0.80

TESE ACADÊMICA da autoria de Dom Alcuino Meyer da Ordem de São Bento, sobre os índios Pauxiana. (contem desenhos, mapas e fotografias) [1956]

O acervo do Arquivo Nacional pode ser pesquisado aqui.

Recomendações de leitura

https://pib.socioambiental.org/

http://www.museudoindio.gov.br/

 

 

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