Na seção “Conte uma História”, do nosso site “Que República é essa?”, queremos saber se você identifica ou se tem alguma ideia a respeito de uma imagem que achamos no acervo do Arquivo Nacional do Brasil.
Nessa fotografia histórica, vemos homens conversando dentro de uma tenda chamada "Cantina Brasil". Parece se tratar de um momento de diversão, descanso, lazer. Essas pessoas entraram para a história do Brasil, participando de um evento de importância mundial, de muita tensão e com conseqüências brutais.
E então? Ficou fácil com essas dicas? Você tem alguma ideia de onde eles estão? Quem são? De que época se trata? Escreva pra gente, pergunte aos amigos... Daqui a alguns dias editaremos este mesmo texto com toda a explicação detalhada.
Depois de alguns dias de suspense, editamos este texto para explicar todo o contexto da imagem que apresentamos para vocês. Trata-se de militares brasileiros participantes da Segunda Guerra Mundial.
A guerra teve início em 1939. Ao Brasil, interessava manter uma posição de eqüidistância entre os norte-americanos e os alemães, dois importantes parceiros comerciais. E foi essa a posição tomada, na Conferência do Panamá (1939), pelos países americanos: a neutralidade. No ano seguinte, em Havana, nova reunião decidiu que haveria solidariedade dos países a qualquer nação do continente que sofresse agressão externa. Assim, quando ocorreu o ataque japonês à base de Pearl Harbor (EUA), em dezembro de 1941, imediatamente os países das Américas prestaram solidariedade aos Estados Unidos.
Pouco depois, em 28 de janeiro de 1942, Getúlio Vargas rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Em represália, nos meses seguintes, os alemães torpedearam diversos navios brasileiros, levando a centenas de vítimas fatais. Houve então uma comoção nacional e a população foi às ruas cobrar das autoridades a entrada do Brasil na guerra, ao lado dos Estados Unidos e dos demais países do grupo dos Aliados.
O Brasil teve apoio financeiro, militar e logístico dos norte-americanos. Houve inclusive treinamento prestado pelos Estados Unidos aos combatentes brasileiros. Em troca, o Brasil cedeu espaço estratégico na cidade de Natal (RN) para uma base militar solicitada pelo presidente Roosevelt (EUA) e investiu pesado na extração da matéria prima da borracha na região Amazônica – os trabalhadores que participaram desse esforço de guerra receberam o apelido de “Soldados da Borracha”.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi criada, em agosto de 1943, tendo como símbolo uma cobra fumando. Em 30 de junho de 1944 o primeiro contingente seguiu para a Itália. Seguiram também um grupo de aviação de caça – autor do famoso slogan “Senta a pua!” – e uma esquadrilha de ligação e observação da Força Aérea Brasileira (FAB). Ao todo foram cerca de 25 mil homens mobilizados para a guerra pelo Brasil. A participação nacional teve importância especial no front italiano, atuando em algumas batalhas, com destaque para a tomada do Monte Castelo, vencida depois de três meses de luta contra os nazistas alemães.
Na imagem, os combatentes brasileiros estão já na Itália, em um momento de descanso na “Cantina Brasil”, em 1944. A tenda foi montada para provê-los de momentos de diversão, a fim de diminuir a tensão das batalhas que estavam por vir. Lá eles se reuniam, conversavam, fumavam, se alimentavam e faziam com que as difíceis horas passassem de uma forma mais leve.
Essa histórica fotografia faz parte do fundo Salgado Filho, no Arquivo Nacional. Salgado Filho foi o primeiro ministro do Ministério da Aeronáutica, criado em 1941, e no acervo que tem seu nome é possível encontrar diversas imagens preciosas da história do Brasil.