.

“Na eloqüente natureza de seus espetáculos grandiosos, ou tremendos, de suas festas magníficas ou horríveis, as nações manifestam o grau e as tendências de sua civilização.”

Joaquim Manoel de Macedo, 1873

 

Durante o século XIX e a primeira metade do século XX diversas "exposições universais" foram organizadas em vários países com o intuito de mostrar ao mundo a pujança econômica, a riqueza cultural, a criatividade das nações participantes. Verdadeiras vitrines do progresso industrial e da vitalidade nacional de cada país, as exposições reuniam principalmente os países para quem a modernidade (como entendida no contexto da Revolução Industrial que varreu boa parte do mundo) era um valor fundamental.

 As nações anfitriãs exibiam com orgulho estruturas majestosas para abrigar os expositores, embora grande parte delas fosse constituída de edificações efêmeras. Tais exposições, ou feiras, funcionavam como um espaço didático em que uma crescente população urbana observava, avaliava e hierarquizava as diferentes culturas do globo, em um momento em que pela primeira vez na história as tecnologias de transporte e comunicação permitiam que a noção de um "mundo global" emergisse.

“O  Brasil  participou  de  todas  as  Exposições  Universais realizadas  durante  quase  um  século,  primeiro  somente  na Europa  e  depois  também  nos  Estados  Unidos:  de  início reunindo  seus  produtos  em  algumas  vitrines  (Londres, 1851  e  1862;  Paris,  1855  e  1867)  e  mais  tarde  construindo  jardins  e  edifícios  admiráveis  (Paris,  1889;  Chicago, 1893; Saint Louis, 1904; Nova Iorque, 1939.”[Pereira]

A Exposição Nacional de 1908 foi realizada no Rio de Janeiro para marcar centenário do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas editado quando da chegada da Família Real portuguesa ao Brasil em 1808. Propondo-se a apresentar um verdadeiro inventário das “indústrias” (atividades produtivas) do país e vitrine do seu desenvolvimento, a Exposição trazia em seu bojo a vontade de mostrar ao mundo que o Brasil estava preparado para entrar no seleto rol de nações modernas. Apresentando sua Capital repaginada, livre dos entulhos coloniais que segundo os olhos republicanos e positivistas a haviam conspurcado até as reformas de Pereira Passos na primeira década do século XX, o governo brasileiro montou uma exposição com produtos e atividades (inclusive artísticas) de vários estados e de uma nação convidada (Portugal) aos chefes de Estado de vários países. Foi também uma oportunidade para exibir ao mundo uma capital cuja beleza podia agora ser apreciada de perto, livre (ao menos em parte) das doenças infecciosas que afastavam os turistas.

Entre agosto e novembro de 1908 mais de um milhão de pessoas visitaram a imponente exposição, realizada na Urca. Os sucessos anteriores obtidos nas Exposições Universais de Chicago (1893) e Saint Louis (1904, para o qual o Palácio Monroe foi construído e subsequentemente transplantado para o Rio de Janeiro para a Exposição de 1908) estimularam o ânimo nacional, o que se refletiu no clima de otimismo e orgulho que cercaram a realização da exposição, cujo orçamento fora votado pelo Congresso no ano anterior.

A Exposição  Nacional  começou a ser organizada no mandato do Presidente  Afonso  Pena,  sob  a direção do Ministro  da  Indústria,  Comércio,  Viação  e  Obras  Públicas, Miguel  Calmon  du  Pin  e  Almeida. A ampla área que abrigaria o evento convidava a beleza natural do cenário litorâneo e anunciava a utilização das praias da cidade como atrativo e área de lazer. A região acabou sendo valorizada por conta de melhorias urbanas, em especial novos aterros e melhoria nos acessos. A atual Avenida Pasteur foi aberta nesta época, e ganhou o nome de Avenida dos Estados. Além de Portugal e da Capital Rio de Janeiro, quatro estados construíram pavilhões próprios (São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina). Além destes, havia o Pavilhão dos Estados, ,  o  das  Indústrias,  o  dos  Correios  e  Telégrafos,  o do  Corpo  de  Bombeiros,  o  da  Inspeção  de  Matas  e  Florestas,  o  do  Jardim  Botânico  e  da Assistência Municipal.

A maior parte dos edifícios foi destruída depois da exposição, sendo que o Palácio Monroe sobreviveu até 1974. Ao longo da atual Avenida Pasteur alguns edifícios que sobreviveram abrigam faculdades e institutos de pesquisa.

 

BR RJANRIO ON.0.FOT.22. Dossiê que contém diversos desenhos dos pavilhões da Exposição Nacional de 1908. Aqui exibidos: Fachada principal do restaurante Pão de Assucar e Porta Monumental.

BR RJANRIO O2.0.FOT.440. Dossiê que contém diversas fotos da Exposição Nacional de 1908. Aqui exibidas: Restaurante Pão de Assúcar e Palácio das Indústrias e estação de bondes.

Leitura recomendada:

Heizer, A. (2016). A Exposição Nacional de 1908: entre comemorações. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 10, 14-24.

Pereira, M. D. S. (2010). A exposição de 1908 ou o Brasil visto por dentro. Arqtexto1(16), 6-27.

 

  

Durante o século XIX e a primeira metade do século XX diversas "exposições universais" foram organizadas em vários países com o intuito de mostrar ao mundo a pujança econômica, a riqueza cultural, a criatividade das nações participantes. Verdadeiras vitrines do progresso industrial e da vitalidade nacional de cada país, as exposições reuniam principalmente os países para quem a modernidade (como entendida no contexto da Revolução Industrial que varreu boa parte do mundo) era um valor fundamental.

As nações anfitriãs exibiam com orgulho estruturas majestosas para abrigar os expositores, embora grande parte delas fosse constituída de edificações efêmeras. Tais exposições, ou feiras, funcionavam como um espaço didático em que uma crescente população urbana observava, avaliava e hierarquizava as diferentes culturas do globo, em um momento em que pela primeira vez na história as tecnologias de transporte e comunicação permitiam que a noção de um "mundo global" emergisse. 

O Brasil  esteve presente em algumas destas feiras, e também foi anfitrião de mais de uma exposição. A planta aqui exibida representa uma edificação para um destes eventos. Você sabe qual?

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a licença  Creative Commons Atribuição-SemDerivações 3.0 Não Adaptada.