O cartão-postal, formato de correspondência aberta, breve e meio de circulação de imagens de diferentes lugares do mundo extremamente popular ao longo do século XX, surgiu por volta de 1870, na Europa. Inicialmente os cartões eram impressos com gravuras, mas antes mesmo da virada do século as fotografias passaram a estampar os postais. Em um mundo que começava a perceber a intensificação do fluxo internacional de coisas, pessoas, ideias e imagens, os cartões postais, com suas imagens reproduzidas em grande escala e suas mensagens escritas à mão em linguagem sucinta e objetiva encaixavam-se perfeitamente para os usos de amplas parcelas da população, inclusive as que tinham pouca intimidade com as letras. Inicialmente rejeitados pelas elites por permitirem uma exposição de informação e intimidade a olhos subalternos, os postais mostraram-se, ainda no século XIX, úteis como meio de tranquilizar amigos e familiares em épocas de guerra ou epidemias: duas ou três palavras em uma correspondência que dispensava o uso de envelope bastavam para dizer “estamos vivos, estamos bem”!
Atualmente, assim como as cartas, os cartões-postais perderam sua utilidade e seu encanto permanece apenas para os que aficionados. De qualquer lugar do mundo – ou quase – podemos mandar fotos e mensagens instantâneas, mementos de nossas viagens e lembranças para aqueles que nos são importantes.
Postais são testemunhos de vidas, de relacionamentos, de eventos e de paisagens. Abaixo podemos comparar dois momentos diferentes de dois pontos importantes da cidade do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal e a Central do Brasil.
A Estrada de Ferro Central do Brasil, linha ferroviária que interligava municípios dos estados do sudeste ao Rio de Janeiro, capital do Império, tinha como ponto de partida a Estação Aclamação, nomeada a partir do Campo da Aclamação, atual de Santanna, inaugurada em 1858. Posteriormente o nome da estação mudou para Estação da Corte, d. Pedro II e, finalmente, Central do Brasil. O antigo edifício, inaugurado em 1858, deu lugar à atual sede em 1943, que abriga em sua torre principal o maior edifício de 4 faces do mundo.
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi inaugurado em 1909. Construído no estilo da época – eclético – o edifício permanece o mesmo desde então. O mesmo não se pode dizer do morro de Santo Antônio, que podia ser visto por trás e à esquerda do Theatro por quem estivesse olhando de frente, como percebemos no cartão postal do início do século XX mas não na fotografia dos anos 1970. Assim como os morros do Senado, de São Bento e do Castelo, o morro de Santo Antônio foi aos poucos demolido ao longo dos anos 1920, 30, 40 e 50. O material oriundo dessas demolições foi utilizado para criar o aterro do Flamengo, alterando a linha do mar entre a região de deságue do mangue (saco de São Domingos) e a Glória, e aterrar a região onde o aeroporto Santos Dumont foi construído. Atualmente resta do antigo morro apenas o outeiro onde está localizado o Convento de Santo Antônio e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, marcos do estilo colonial brasileiro.
Além desses dois marcos urbanos, três postais estrangeiros que chegaram à mãos brasileiras (no caso, de Bertha Lutz) exibem o “exotismo” de florestas de sequoias gigantes na América do Norte; vestes orientais em um desenho japonês; e indígenas na Argentina.
Outro cartão postal mostra a fachada lateral da Escola de Minas, em Ouro Preto, onde atualmente também funciona o Museu de Mineralogia. Por último, um cartão postal mais recente, imagem a partir de uma foto colorida: uma foto da biblioteca pública do Estado do Maranhão, em São Luis.
Alguns destes postais aqui apresentados possuem mensagens pessoais em seus versos. Leia com atenção, são mensagens breves de atenção, respeito e/ ou afeto.
Para acessar o acervo do Arquivo Nacional, clique aqui.
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Teatro Municipal do Rio de Janeiro, 1971. Correio da Manhã
BR_RJANRIO_ST_0_CAP_0002_001 Fachada do Theatro Municipal, [191-] Virgílio Várzea
00590_00590_BR_RJANRIO_PH_0_FOT_000590_d0012de0304 Estrada de Ferro Central do Brasil, [195-]. Correio da Manhã.
BR_RJANRIO_ST_0_CAP_0001_d0006de0007 Estrada de Ferro Central do Brasil, [190-]. Virgílio Várzea.
br_rjanrio_q0_blz_cor_cap_0002_d0001de0001 Cartão-postal Yosemite National Park. Mariposa Grove of Big Trees [Parque Nacional de Yosemite e Bosque da Mariposa das Árvores Grandes]. Califórnia (Estados Unidos), 1922. Federação Brasileira pelo Progresso Feminino
br_rjanrio_q0_blz_cor_cap_0007_d0001de0001 Cartão-postal japonesa em trajes típicos penteando seus cabelos. Possui mensagem de M. Miyajima para Berta Maria Júlia Lutz com votos de felicidades e próspero ano novo; selo postado em Tóquio. Exemplo da retratação da beleza feminina oriental conhecida como bijinga, utiliza o gênero de pintura japonesa Ukiyo-e, que procurava captar fatos e costumes da população, empregando a técnica de gravação sobre madeira (xilografia). Tóquio (Japão), 1926. Federação Brasileira pelo Progresso Feminino
br_rjanrio_q0_blz_cor_cap_0026_d0001de0001 Mulheres e crianças indígenas Toba, Argentina. Possui dedicatória de Anne B. Lous para Berta Maria Júlia Lutz; Tobas são indígenas da Argentina que habitam uma parte do território da província do Chaco e de Santa Fé. Buenos Aires (Agentina), 1935.Federação Brasileira pelo Progresso Feminino
br_rjanrio_oo_0_fot_0003_d0001de0001 Vista de Ouro Preto (MG), 1920.Afonso Pena Júnior
br_rjanrio_ml_0_cor_cap_0005_d0001de0001 Cartão-postal de vista da Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís, Maranhão. Mário Lago.