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Apontamentos sobre o teatro de revista na primeira república

 

Renata William Santos do Vale
Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense
Pesquisadora do Arquivo Nacional

 

 

Uma análise, ainda que superficial, da historiografia e dos estudos sobre o teatro brasileiro nas décadas finais do século XIX e nas primeiras do XX permite perceber que até os anos 1960, pelo menos, prevalecia uma visão deste período como sendo de decadência da produção nacional [1]. Um estudo mais detido da produção teatral brasileira desde pelo menos 1880 até 1930, entretanto, indica que os espetáculos nacionais eram não somente numerosos e representados em mais de uma sessão diária, como também atraíam imenso público. Do que se tratava essa tal “decadência”?

 Entre os autores que atribuíam ao período um sentido de decadência podemos citar, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Machado de Assis, Coelho Neto, Olavo Bilac, Henrique Marinho, Múcio da Paixão, Mário Nunes, José Galante de Souza, entre outros.

As causas para essa suposta decadência residem principalmente no discurso dos intelectuais do final do Império e de princípios da República, publicados em sua maioria nos periódicos do Rio de Janeiro, que foram sendo replicados em estudos posteriores sem uma avaliação crítica da razão para tais afirmações. Esses intelectuais críticos do teatro apontavam como causa dessa decadência, o baixo nível das produções nacionais, principalmente em termos de moralidade; o despreparo dos atores, ainda muito aferrados às formas mais antigas de interpretação; a falta de preocupação dos empresários com a estética e a ilustração do teatro para educação do povo e de seu gosto, interessados apenas nos lucros obtidos; o descompromisso dos escritores com a “elevação” dos textos, preocupados principalmente em ter sucesso e renda fácil, com os textos ligeiros e populares das comédias musicadas e revistas; além da falta de compromisso do Estado, do descaso do governo com a alta arte dramática, principalmente antes da construção do Teatro Municipal 

de 1909. Recentemente, há um movimento de reavaliação desta visão decadentista do teatro, sobretudo o popular de comédia, nascido nos anos 1880 e que persistiu nas cenas brasileiras até pelo menos os anos de 1950: as revistas.[2]

A crítica decadentista da virada do século XIX para o XX era embalada por um discurso francófilo e cosmopolita que depreciava as manifestações da cultura popular e nacional em favor do modelo de teatro estrangeiro, sobretudo de origem francesa, mas também de Portugal, cujas companhias frequentavam o Rio de Janeiro e outras capitais do país em grande número e regularmente. Não se pode esquecer o momento que a capital da República vivia nos primeiros anos do Novecentos, um período de modernização, de intensas modificações no espaço urbano e físico da cidade com as reformas do prefeito Francisco Pereira Passos (1836-1913). Essas reformas visavam a civilizar o Rio de Janeiro e sua população, ainda que de maneira forçosa, extirpando as memórias coloniais e imperiais da urbe, associando à República a imagem de modernidade, de uma capital reformulada, de ares parisienses, para servir como a vitrine do progresso do Brasil para as nações ditas civilizadas, sobretudo as europeias. Para tanto abriram-se ruas e avenidas sobre as vielas coloniais, derrubaram-se casas, construções antigas e Igrejas centenárias para a construção de novas moradias e novos prédios comerciais, promoveu-se o bota abaixo dos cortiços e habitações populares coletivas para melhorar a salubridade da cidade, expulsando do centro uma população pobre e incômoda que não condizia com os novos tempos e ares do Rio de Janeiro. De certa forma, esse projeto civilizatório se expandiu também para o entretenimento e para o teatro, valorizando-se as peças estrangeiras, tidas como sérias, com companhias europeias, em detrimento da produção popular nacional das revistas, burletas, vaudevilles, musicais – peças de comédia (tidas como inferiores), irreverentes, críticas, consideradas frívolas e em alguns casos até devassas. Não custa lembrar que as comédias de costumes, e depois as realistas, tinham longa tradição no Brasil, desde as peças bem-sucedidas de Martins Pena até as de Machado de Assis. Desejava-se uma produção nacional de dramas e comédias edificantes, que fossem capazes de promover a ilustração do povo, refinando seu gosto, melhorando seu comportamento nas casas de espetáculos, contribuindo para a civilização do país.

Apesar de surgidas na França no século XVIII, as revistas ganharam visibilidade e sucesso no Brasil e em Portugal no século XIX. As operetas, vaudevilles e os espetáculos musicados e com danças, em clima de cabaré, começaram a ser representados no Brasil depois da criação do Alcázar Lírico, em 1859 [3], pelo empresário Joseph Arnaud, e encontraram rápido sucesso porque eram divertidas e sobretudo fáceis de compreensão pelo povo que não tinha educação formal, e que conformava a maioria da população livre do Rio de Janeiro. Logo começaram a surgir as primeiras paródias nacionais das operetas francesas, que tiveram boa aceitação pelo público, e começaram a ser encenadas em outros teatros da capital, como o teatro Fênix Dramática, do empresário Jacinto Heller que logo tornou-se um concorrente direto do Alcázar. As primeiras revistas já apareciam, mas foi somente em 1884 que esse modelo se estabeleceu e se firmou, quando foi encenada O Mandarim, de Arthur Azevedo e Moreira Sampaio, considerada oficialmente a primeira revista nacional, em um formato que fez muito sucesso e se reproduziu durante décadas. Não é dizer que não houvesse teatro “sério”, com peças dramáticas, melodramáticas e até de comédia mais elegantes, mas os cronistas do Rio de Janeiro registravam com frequência o fracasso de bilheteria de alguns desses empreendimentos, pois apenas uma elite mais intelectualizada não era suficiente para lotar todas as sessões desses espetáculos, usualmente trazidos por companhias estrangeiras portuguesas, francesas e italianas.

As primeiras revistas que começaram a ser produzidas no Brasil, no Rio de Janeiro, eram as chamadas “revistas de ano”, que faziam uma revisão crítica dos principais assuntos e acontecimentos do ano anterior e tiveram grande aceitação até a morte de Arthur Azevedo em 1908, considerada a primeira fase do teatro de revista no Brasil, a que mais valorizava o texto do que a encenação. Em seguida, as revistas se mantiveram na voga do teatro nacional, mas sem a preocupação de narrar os acontecimentos do ano anterior, estando livres para explorarem outros assuntos, sempre ligados a aspectos sociais, políticos e culturais da cidade e de sua população. O primeiro e possivelmente maior revisteiro do Brasil foi o dramaturgo maranhense Arthur Azevedo (1855-1908), que reinou nos palcos do Rio de Janeiro e de outras capitais com suas revistas e burletas, como A Princesa dos Cajueiros (1880, ainda uma opereta satírica), A Capital Federal (1889), O Mambembe (1904), O Dote , e O Cordão (1908), entre muitas outras. Azevedo também era crítico, manteve uma forte e determinante campanha para que o governo construísse o Teatro Municipal, que ele acabou não vendo ser inaugurado, e também militava para que o teatro popular, das revistas, não fosse visto como inferior ou decadente, mas como uma forma legítima de manifestação da cultura brasileira. Outros importantes revisteiros, contemporâneos de Azevedo ou que viriam a substituí-lo, foram Moreira Sampaio, seu parceiro constante, Joaquim Serra, Valentim Magalhães, Filinto d’Almeida, Oscar e Raul Pederneiras, Cardoso de Menezes, Carlos Bettencourt e Luiz Peixoto, entre muitos outros. Entre os empresários que financiavam e promoviam as revistas podemos citar o português Sousa Bastos, Jacinto Heller, diretor da Fênix Dramática, o também ator Dias Braga, mas destacava-se o italiano Paschoal Segretto (1868-1920), talvez o maior empreendedor de teatro e entretenimento da virada do século (tinha pistas de patinação, circos, bandas de música, animatógrafos, companhias de bonecos, animais adestrados), proprietário de mais de um teatro na Praça Tiradentes, para públicos mais populares ou mais sofisticados. Sua Companhia de Mágicas e Revistas do Teatro S. José recebeu grande parte das principais revistas encenadas no Rio de Janeiro nas duas primeiras décadas do século XX, dando prioridade para companhias nacionais. Não custa lembrar aqui que a região da capital da cidade que concentrava a maior parte dos teatros e do entretenimento era a da Praça Tiradentes (anteriormente conhecida como Largo do Rocio e Praça da Constituição). Desde meados do século XIX a região já tinha vocação para ser o centro cultural do Rio de Janeiro, tendo começado com a fundação do Teatro de São João em 1813, quando da vinda da Corte portuguesa para o Brasil, no local onde atualmente fica o teatro João Caetano. Funcionaram na praça e nos seus arredores o Cassino Franco-Brasileiro (atual teatro Carlos Gomes) o Teatro de Variedades (também chamado de Recreio), o Príncipe Imperial (posteriormente Teatro S. José) e o Novidades (Teatro Lucinda), entre outros estabelecimentos como clubes, salões de dança, charutarias, cafés e restaurantes. Foi o principal reduto do teatro de revista no Brasil até os anos de 1930, quando o polo cultural foi transferido para a região da Praça Floriano Peixoto, a Cinelândia.

A estrutura um tanto fragmentada das revistas se organizava geralmente em três atos, com diversos quadros independentes de sátiras, humor e malícia, entremeados com números musicais e de dança que quase sempre tratavam de críticas políticas, sociais, culturais dos acontecimentos mais marcantes ao longo de um ano, com um enredo, por vezes frágil, que guiava a ação de todo o espetáculo. As revistas discutiam, na forma de entretenimento, a passagem de um mundo mais antigo, lento, rural, acanhado, para o mundo da modernidade, do tempo acelerado, da capital federal, das luzes, dos automóveis, dos teatros, confeitarias, cafés, das elites circulando pela nova Avenida Central

Essas peças, além de apresentarem de certa forma uma síntese do Brasil de seu tempo, com todos os contrastes e contradições, possibilitavam ao público uma forma de compreender as transformações urbanas, a política, as mudanças sociais e culturais, as novidades tecnológicas vindas com os novos tempos. Ao satirizar essas relações, as revistas tinham uma importância crítica, ao jogar luz nas ambivalências da vida nacional, nos ridículos da boa sociedade, na inconsistência da passagem do atraso a civilização que o Rio de Janeiro pretendia viver, ao apagar do tecido urbano as marcas coloniais, que continuavam vivas na população pobre e excluída que insistia em circular pelos novos espaços da modernidade.

À medida que as revistas de ano começavam a perder espaço, uma temática passou a ser mais frequente entre as novas revistas, tendo sido inaugurada pela peça O Cordão (1920), de Arthur Azevedo: o carnaval. A estrutura do espetáculo não variava muito, mas ao levar para os palcos o carnaval do Rio de Janeiro como assunto, com seus cordões e zé-pereiras, as revistas passavam a inserir personagens saídos das periferias da cidade, e não dos salões e sociedades carnavalescas da elite. A linguagem utilizada pelas personagens refletia também o português falado nas ruas, com suas gírias, vícios e incorreções, mas que mais aproximavam o público do texto. As revistas passaram a levar para os palcos a cultura e as camadas populares, normalmente excluídas da vida social e cultural das elites. O povo pobre, favelado, suburbano, que vivia de bicos e subempregos se via nas revistas, tanto quanto se viam as elites. As revistas traziam com muita frequência os mesmos personagens: o caipira (e sua família), que vinha para a cidade e deslumbrava-se com as novidades, com o movimento, com o teatro, com as belas coristas...; o português rico ou o coronel do interior que tinha posses mas não tinha o polimento para frequentar as altas rodas da elite republicana; a mulata que enfeitiçava o caipira com seus encantos; o capoeira; a baiana e seus quitutes; o político, comumente tratado como o “doutor”; e, entre outros, o malando, valentão, vadio que se dava bem com seus pequenos trambiques, e no final tudo acabava em festa e música, de ritmos bem brasileiros, como o choro, o lundu e o maxixe. Não custa lembrar que as revistas foram grandes lançadoras de músicos e de músicas, que faziam bastante sucesso fora dos teatros. Compositores como Assis Pacheco, Costa Junior, Freire Junior, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Lamartine Babo, Ary Barroso, entre muitos outros, começaram ou obtiveram muito sucesso lançando suas canções no teatro de revista, sobretudo durante a Primeira República.

Durante o período da Primeira Guerra, todo o mundo do entretenimento brasileiro sofreu com as mudanças inevitáveis. As companhias de teatro estrangeiras já não vinham mais para o Brasil em turnês, os cinemas não recebiam mais as novidades que eram vistas na Europa, alguns teatros fecharam suas portas com a crise econômica que assolava a Europa e tinha reflexos no Brasil. Curiosamente, esse afastamento das companhias estrangeiras acabou por promover o teatro nacional de revista, que cada vez mais se libertava dos modelos europeus trazidos nas décadas anteriores, e mais se abrasileirava. Nos anos 1920, depois do fim da guerra, com a vinda para o Brasil da companhia francesa do Ba-ta-clan de Paris, dirigida por Mme. Rasimi, as revistas começaram a sofrer algumas modificações, e inaugurou-se a época da féerie. As produções passaram a ser mais luxuosas, bem-acabadas e as mulheres, sobretudo as dançarinas e coristas, começavam a exibir mais partes de seus corpos o que por um lado atraía ainda mais público, sobretudo masculino, mas por outro lado recebia mais críticas, pela apelação causada pela nudez (que se resumia, por aqui, a mostrar as pernas). Não somente figurinos e cenários recebiam mais apuro, mas também algumas novidades tecnológicas passaram a fazer parte do espetáculo, como os sistemas de iluminação e até máquinas de fazer fumaça. As revistas foram se modificando, recebendo também influências do cinema musical norte-americano, ficando mais parecidas com shows, e passaram a ser apresentadas nos novos espaços surgidos na Cinelândia, deixando a Praça Tiradentes, que entrava em declínio. Apesar das novas influências estrangeiras, a revista não perdia de vista seu sentido de crítica dos acontecimentos e modismos de época e não deixava de satirizar, inclusive, a tendência de se importar e imitar as modas de fora, como os musicais dos Estados Unidos.

Já nos anos 1940, principalmente depois da montagem inovadora em 1943 da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, o teatro de revista ligeiro começa a ceder lugar para outras formas de encenação e outros estilos teatrais. O gênero ainda resistiu até os anos 1960, quando definitivamente foi perdendo espaço e público nos teatros brasileiros. 

[1] Entre os autores que atribuíam ao período um sentido de decadência podemos citar, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Machado de Assis, Coelho Neto, Olavo Bilac, Henrique Marinho, Múcio da Paixão, Mário Nunes, José Galante de Souza, entre outros

 [2] Para essa reavaliação do período, ver: VENEZIANO, Neyde. O teatro de revista no Brasil. Campinas: Pontes, editora da Unicamp, 1991; BRAGA, Claudia. Em busca da brasilidade: teatro brasileiro na primeira república. São Paulo, Belo Horizonte, Brasília: Perspectiva, Fapemig, Cnpq, 2003; PEREIRA, Beatriz da Silva Lopes. Carpinteiros teatrais, a crítica e o teatro de revista. Revista Cerrados, Brasília, UnB, vol. 27, n. 46, p. 86-104; FARIA, João Roberto (dir.) História do Teatro Brasileiro: das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. São Paulo: Perspectiva, Edições SESCSP, 2012, vol. 1, entre outros.

[3] Em 1859 foi encenada "As Surpresas do Sr. José da Piedade", de Justiniano de Figueiredo Novaes, no teatro Ginásio Dramático, que poderia ser considerada a primeira revista de ano, de 1858, e misturava opereta com as revistas, centrada nas paródias e nas críticas de costumes. Foi proibida pela polícia depois de três ou quatro encenações, por ridicularizar o jornal Diário do Rio de Janeiro. Ver FARIA, João Roberto (dir.). História do Teatro Brasileiro. São Paulo: Perspectiva; Edições SESCSP, 2012, vol. 1, p. 225.

Bibliografia aqui

Documentos:

 Fachada do Teatro Municipal. Rio de Janeiro, [190-]. Comissão Construtora da Avenida Central BR_RJANRIO_1C_0_MAP_0093

Peça Due em Uma, de Luigi Piradello. Delegacia Auxiliar de Polícia.

Dossiê contendo avaliação dos órgãos censores e peça completa O Dote, de Arthur Azevedo de 1969. Serviço de Censura de Diversões Públicas. BR_RJANRIO_TN_CPR_PTE_1410

Raul Pederneiras. Sl, s.d. Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_38348_001

Requerimento para aprovação da peça Forrobodó (e outras), 1969. Divisão de Censura de Diversões Públicas. BR_DFANBSB_NS_CPR_TEA_PTE_00367

Peça Mexericos. Rio de Janeiro, 1928. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro, BR_RJANRIO_CPR_PTE_1413_01

Peça Eu quero é nota, encenada no Teatro Carlos Gomes. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro, BR_RJANRIO_CPR_PTE_1290

Dossiê Teatro de Revista. Peguei um Ita no Norte, encenada no Teatro Recreio em 1958. Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_01024_d0006de0065

Estereoscopia da recém-inaugurada Avenida Centra. Rio de Janeiro, 1906. Fotografias avulsas. BR_RJANRIO_O2_0_FOT_0520

Dando topada - Maxixe polca de Pixinguinha – Partitura. Discoteca Arquivo Nacional. BR_RJANRIO_J5_0_RTS_0029_0145

Peça Estrela Dalva, música de Chiquinha Gonzaga, de 1920. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro

Dossiê Teatro de Revista. Peça Rio, Amor e Fantasia, 1960. Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_01024_031.

Dossiê Teatro de Revista. Peça Xique Xique no Pixotó, 1960. Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_01024_9

Dossiê Teatro – Cenas. Peça Capital Federal, s.d. Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_06742_226

Cópia da peça Vestido de Noiva de 1943, em dossiê de órgãos da censura, 1985 Serviço de Censura de Diversões Públicas. BR_RJANRIO_TN_CPR_PTE_4676

 

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