Se em 1922 o centenário da Independência formal do Brasil foi celebrado com a grandiosidade de uma Exposição Universal no Rio de janeiro que contou com mais de uma dúzia de países, em 1972 o sesquicentenário recebeu atenção igual, mas desta vez espalhou-se pelo Brasil, simbolizando a integração e a unidade nacionais, tão caras ao governo militar da época. Também uma exposição mundial foi organizada, a partir do decreto 61.181 de agosto de 1967, que criou um grupo de trabalho dedicado a fazer os levantamentos necessários. No ano seguinte um novo grupo de trabalho foi criado, já com a incumbência de planejar e organizar a exposição mundial comemorativa do sesquicentenário da Independência do Brasil em 1972.
Ainda em 1968, já no final do ano, foi criada a Superintendência da Exposição Mundial Comemorativa do Sesquicentenário da Independência do Brasil (EXPO-72), com sede no Rio de Janeiro, vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, que deveria “planejar, organizar e programar a realização de uma Exposição Mundial, a realizar-se na cidade do Rio de Janeiro, em 1972; promover a participação de expositores nacionais e estrangeiros no evento; preparar e aprovar o regimento da Exposição de acordo com as normas internacionais; selecionar o local e fiscalizar a construção das instalações; organizar seus serviços, elaborar e executar seu orçamento, elaborar seu regimento; sugerir medidas a serem executadas por outros órgãos governamentais.” [SIAN] Haveria um superintendente, nomeado pelo Presidente da República, que presidiria um Conselho Consultivo da EXPO-72 composto de 5 membros dos seguintes Ministérios: Relações Exteriores, da Fazenda, do Planejamento e Coordenação Geral e da Indústria e do Comércio.
O decreto n. 64.193, de 12 de março de 1969, regulamentou a Superintendência da Exposição Mundial Comemorativa do Sesquicentenário da Independência do Brasil (EXPO-72), conservando-a vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio. O regulamento criado previa que a Superintendência encerraria as suas atividades em 1973, tendo que prestar contas dos recursos recebidos ao ministro da Indústria e do Comércio.
Contudo, a Superintendência da Exposição Mundial Comemorativa do Sesquicentenário da Independência do Brasil (EXPO-72) foi extinta sumariamente pelo decreto n. 66.143, de 30 de janeiro de 1970, aguardando-se a decisão do Executivo quanto à destinação do acervo material (móveis, máquinas e equipamentos) e liberando-se o pessoal, conforme a necessidade de serviço, para optar ou não pelo retorno ao seu órgão de origem.
Em 1971, instituiu-se uma comissão nacional para programar e coordenar as comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil previstas para o ano seguinte. A Comissão Nacional tinha por incumbência propor os meios necessários à realização das comemorações e era formada pelos ministros de Estado da Justiça, da Marinha, do Exército, das Relações Exteriores, da Educação e Cultura e da Aeronáutica, pelos chefes dos gabinetes Militar e Civil da Presidência da República e pelos presidentes das seguintes entidades: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Conselho Federal de Cultura, Liga de Defesa Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e Associação Brasileira de Rádio e Televisão (ABRATE). Cabia à Comissão Nacional designar uma Comissão Executiva Central e as subcomissões que se fizessem necessárias.
A Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil foi criada formalmente pelo decreto n. 69.922, de 13 de janeiro de 1972, para dirigir e coordenar as comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Esta Comissão era responsável por articular ações com outras instituições (públicas ou privadas) e com as comissões estaduais formadas pelos governos dos estados.
Os eventos comemorativos ocorreram principalmente entre os meses de abril e setembro de 1972. As atividades eram variadas e incluíam exposições, saraus, concurso de monografias, mostras de artes, competições desportivas, congressos de história da independência, conferências, feiras, paradas militares. Além dos eventos, as celebrações do Sesquicentenário produziram um extenso material iconográfico e amplo acervo (inclusive uma biblioteca) acerca das atividades e sua organização, evidenciando a preocupação do governo em marcar a história e tornar os 150 anos da Independência um marco a não ser esquecido.
O fundo Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil possui correspondência expedida e recebida, publicações referentes à independência, convites e programas de atividades da comissão e extra-comissão, balancetes de receita e despesa, cartazes do sesquicentenário, fotografias, discos com os hinos nacional e da independência, com a marcha do Sesquicentenário e com fragmentos do Espetáculo de Som e Luz.
Entre a documentação cartográfica: desenho da bandeira do Brasil, bandeira do Império do Brasil, peça ornamental; projeto de decoração para o flutuante ancorado na praia de Botafogo para receber os despojos de Sua Majestade o Imperador D. Pedro I; projeto de ornamentação do navio Piraquê para o transporte dos despojos de Sua Majestade o Imperador Dom Pedro I.
Texto elaborado a partir do relatório no SIAN
BR RJANRIO 1J.0.0.74 - Trasladação dos despojos de D. Pedro I (pasta 52A).
BR RJANRIO 1J.0.0.102 - Espetáculo de Som e Luz (pasta 67).
Recomendação de leitura
de Almeida, M. A. T. S. (2008). Brasil e Portugal no sesquicentenário da independência brasileira (1972).
Sosnoski T. Historiografia e memória: Biblioteca do Sesquicentenário da Independência do Brasil (1972).