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 Este homem tem relação importante com a chamada “política dos governadores”, ponto fundamental para se compreender a Primeira República. Quem foi ele? O que foi a “política dos governadores”, também conhecida como “política dos estados”? Como ela funcionava? Como era articulada? Nos próximos dias vamos te contar essa história em detalhes! Aguarde!

Com a Proclamação da República, em 1889, teve início também um momento muito conturbado para o Brasil. De um lado, monarquistas ainda se posicionavam contra o novo regime. De outro, conflitos internos pelo poder deixavam o país rachado politicamente. Nos primeiros cinco anos, dois governos militares: Deodoro da Fonseca viu o fracasso de sua política econômica e logo deu lugar a Floriano Peixoto, o “Marechal de Ferro”, que enfrentou a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, vencendo ambas e ficando conhecido como o “consolidador” do novo regime.

Em 1894 teve fim a “República da Espada” e o poder foi passado para os civis. Prudente de Morais assumiu, mas um problema persistia: o Brasil estava fragmentado, as disputas se davam nacionalmente entre os estados e localmente em enfrentamentos violentos pelo poder. Não havia estabilidade política. O Poder Moderador e a conciliação, estabelecidas no Segundo Reinado, não havia tido substituição à altura.

A solução foi dada pelo quarto presidente da República, este da nossa foto, Manuel Ferraz de Campos Sales (1898-1902). Um pacto excludente, que refazia a estabilidade entre as elites e criava um modus operandi para a República brasileira: o presidente daria e receberia apoio dos governadores nos estados e dos coronéis nos municípios. Essa rede estabelecida reduziria a força das oposições e garantiria, por boa parte do tempo, os mesmos grupos no poder ao longo de toda a Primeira República. Emerge daí o coronelismo, o clientelismo, o voto de cabresto, as fraudes eleitorais e outras características que estudamos, desde os tempos de escola, sobre esse período da nossa história que vai até 1930.

Porém, é importante lembrar duas coisas: 1) essas práticas não eram infalíveis. Por vezes a oposição conseguia vitórias. Em outras ocasiões, disputas internas dividiam os detentores do poder; 2) além do uso da força, o convencimento também era importante. Por vezes, trabalhadores votaram nos candidatos indicados pelos coronéis em troca de favores, alimentos e benefícios.

Campos Sales foi, portanto, responsável em organizar as diretrizes da política brasileira no novo regime, na República recém-nascida. Diretrizes excludentes que mantiveram uma plutocracia – ou seja, um grupo pequeno de pessoas abastadas – no poder por décadas. O viés autoritário e elitista já dava as cartas, naquela época, à política brasileira. As mesmas famílias, no poder nas províncias desde a época imperial, continuaram a se propagar no comando dos estados. Pais, filhos, netos, se sucedendo no Executivo, Legislativo e Judiciário nas esferas municipal, estadual e federal. Uma continuidade que vemos, em muitos casos, se estender até hoje. Para comprovar, basta uma rápida pesquisa nos sobrenomes que ainda estão, em muitos estados e municípios, liderando a política local e, consequentemente, tendo grande influência nos rumos do país.

Imagem:

Fotografia Manuel Ferraz de Campos Sales, presidente da República. [1898-1902]. Coleção Fotografias Avulsas. BR RJANRIO O2.0.FOT.473

 

 

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