A fotografia mostra a delegação enviada pelo Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, mais conhecida como Conferência de São Francisco, realizada nos Estados Unidos entre 25 de abril e 26 de junho de 1945. O encontro ocorreu após a rendição oficial da Alemanha, dando fim ao front europeu na Segunda Guerra Mundial – o Japão só se renderia em dois de setembro, dando fim definitivo ao combate. A convenção teve a participação das 51 nações aliadas e dentre suas resoluções está a redação da Carta das Nações ou Carta de São Francisco, que entrou em vigor em 24 de outubro de 1945, dando origem à Organização das Nações Unidas (ONU).
Perceba que, na numerosa delegação brasileira consta apenas uma mulher: Bertha Maria Júlia Lutz, mais conhecida somente como Bertha Lutz, bióloga, política e ativista feminista. Bertha foi uma das fundadoras e líder da Federação Brasileira pelo o Progresso Feminino, em 1922, lutando pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Mais reconhecida internacionalmente do que dentro de seu país, Bertha Lutz liderou um grupo de mulheres diplomatas que foram responsáveis pela inclusão da igualdade de gênero entre homens e mulheres no documento que criou a ONU. Segundo as pesquisadoras Elise Dietrichson e Fatima Sator, da Universidade de Londres, Bertha Lutz logrou êxito com a ajuda de delegadas de México, Uruguai, República Dominicana e Austrália, reivindicando ainda a criação de um órgão intergovernamental para a promoção da igualdade de gênero, enquanto a norte-americana Virginia Gildersleeve e assessoras britânicas se opuseram, classificando as propostas como “vulgares”.
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Questão:
A forma como um país desenvolve suas relações internacionais diz muito sobre ele. Sua postura diante de questões que estão na ordem do dia no debate mundial mostra à comunidade internacional se ele é comprometido com soluções democráticas ou autoritárias, unilaterais ou multilaterais, estando disposto ou não a zelar pelo bem estar das atuais e das futuras gerações.
Ao longo do período republicano, o Brasil buscou acordos políticos, econômicos e culturais com os mais diferentes parceiros. Embora a preocupação em estabelecer laços com os vizinhos sul-americanos fosse constante, o comércio se desenvolveu especialmente com os europeus e norte-americanos. A Inglaterra, principal parceiro econômico no século XIX, perdeu espaço para os Estados Unidos no decorrer do século seguinte, mas se manteve como importante colaborador no mercado brasileiro. A França, sempre vista como modelo de cultura a ser seguido, paulatinamente passou a enfrentar a rivalidade dos norte-americanos, que "invadiram" o Brasil através de suas indústrias musical e cinematográfica.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, o Brasil participou da criação da Liga das Nações (1919) e manteve-se como membro não permanente do Conselho da Liga, buscando a condição de membro permanente ao longo do governo Artur Bernardes (1922-26). Com o fracasso da empreitada, o país se retirou da Liga das Nações.
Nos anos 1930, o Brasil intensificou relações comerciais e diplomáticas com a Alemanha e a Itália, mas a aproximação econômica mais intensa com os Estados Unidos e os acordos assinados entre Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt fez com que, na Segunda Guerra Mundial, o país lutasse ao lado dos norte-americanos. A partir de sua entrada, em 1942, o Brasil enviou 25 mil soldados à Europa para lutar nas montanhas da Itália, onde participou de batalhas importantes, entre elas a que tomou o Monte Castelo das tropas nazifascistas em 21 de fevereiro de 1945. Ainda com a guerra em andamento, mas já com grande vantagem para os Aliados - grupo que reunia União Soviética, Estados Unidos, França, Inglaterra, Brasil, entre outros -, iniciou-se uma série de reuniões e acordos de enorme relevância para o mundo. A imagem acima se insere nesse contexto de diplomacia pós-Segunda Guerra Mundial. Quem são essas pessoas? Onde estão? Você reconhece, na fotografia, alguém de fundamental importância na luta por direitos civis?