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Em 1972, por causa dos 150 anos da independência, foi realizado no Brasil um torneio que ficou conhecido como Mini Copa, cujo nome oficial foi Taça Independência. Realizado de 11 de junho a 9 de julho, o campeonato teve a presença das seleções da África e da CONCACAF (órgão que governa o futebol continental na América do Norte, Central e o Caribe), além das seleções da Argentina, França, Colômbia, Portugal, Chile, Irlanda, Irã, Equador, Iugoslávia, Uruguai, Peru, Bolívia, União Soviética, Escócia, Tchecoslováquia e Venezuela. O Brasil se sagrou campeão ao derrotar Portugal na final, com gol de Jairzinho.

O governo brasileiro, que já havia apoiado amplamente a seleção na vitoriosa campanha da Copa de 1970, utilizando o futebol para alavancar uma imagem positiva da ditadura militar que estava em voga, mais uma vez percebeu que as partidas seriam uma forma útil para a comemoração do sesquicentenário da independência e para oferecer à sociedade um entretenimento durante os chamados “anos de chumbo” do regime, durante o governo Médici. Além da Taça Independência, outros eventos esportivos foram realizados, como a Olimpíada do Exército e a Corrida do Fogo Simbólico da Pátria.

O campeonato ocupou 12 cidades de todas as regiões do país: Aracaju, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Maceió, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus, Natal, Porto Alegre e São Paulo. Essa estratégia passava a ideia de integração nacional - Plano de Integração Nacional (PIN), criado pelo Decreto-Lei nº 1.106/1970 - e vinculava-se à mensagem de “Brasil grande” não apenas territorialmente, mas em termos de grandeza histórica, incentivando o patriotismo e nacionalismo disseminados no período. As comemorações podem ser consideradas também agentes do chamado “milagre econômico”, uma vez que reformas foram realizadas nos estádios que receberiam os jogos.

O torneio teve mais participantes do que a Copa do Mundo de 1970, ocorrida no México, e foi o maior torneio internacional de futebol organizado em terras brasileiras desde a Copa de 1950, só superada em número de seleções internacionais pela Copa de 2014, 42 anos depois. Nas primeiras fases do torneio, alguns estádios ficaram quase vazios. A solução foi a distribuição de ingressos a estudantes universitários e secundaristas, além do sorteio de brindes durante as partidas.

Em 19 de dezembro de 1983, a Taça Independência foi roubada da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na mesma ação que terminou com a Taça Jules Rimet (taça da Copa do Mundo, conquistada definitivamente pelo Brasil em 1970) sendo levada e derretida pelos assaltantes, história que contamos aqui.

Você pode ver imagem e vídeo sobre a Taça Independência na Exposição Virtual Histórias do Maracanã Antigo, especificamente na galeria sobre a seleção brasileira.

As fotografias desta matéria retratam a final entre Brasil e Portugal, e pertencem ao dossiê BR_RJANRIO_PH_0_FOT_03209, fundo Correio da Manhã.

Sugestão de leitura: Rei, Bruno Duarte. "Taça Independência (1972): o futebol no Brasil em tempos de 'milagre'". Locus - revista de História. 2020, p. 337-363: https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/28279/20528

 

 

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